terça-feira, 25 de maio de 2010

Globos de Ouro


A certa parte de Os Lusíadas, escreve Camões, na dedicatória a D. Sebastião: “Ouvi: vereis o nome engrandecido / Daqueles de quem sois senhor supremo, / E julgareis qual é mais excelente, / Se ser do mundo Rei, se de tal gente.”. Passados 438 anos, ao ligarmos a Tv e ao vermos os Globos de Ouro apresentados por Barbara Guimarães, ficamos com a certeza que o famoso poeta zarolho sabia do que falava!
Se os Globos de Ouro da Sic não entrarem para os anais da História nacional só pode ser por inveja ou pela mais pura perfídia. Quem é o Vasco da Gama ao pé da Bárbara Guimarães? “Ah e tal, ele descobriu o caminho marítimo para a Índia e enfrentou mares desconhecidos e coiso”... Agora pergunto eu ao excelso leitor que tem o bom gosto de poisar as vistas, cheias de cataratas e remelentas, neste texto: que é que isso interessa? Por acaso o Vasco da Gama faz piadas das quais ninguém se ri? Conseguiria o Vasquito cantar o genérico do Duarte & Companhia e pôr 10.000.000 de pessoas desconfortáveis e constrangidas? Será que o Vává conseguiria parecer mais senil que Bárbara Guimarães?
Enfrentar o Adamastor também eu, óh Vasco! Agora, enfrentar o ridículo de não ter o mínimo jeito para o entretenimento com 3 horas em directo, num vestido vermelho, enquanto transporto no ventre a filha de Manuel Maria Carrilho, eis a minha definição de coragem!
E a passadeira vermelha? Não me venham com coisas pá! (só se forem coisas boas, se forem coisas iguais àquelas com que me vieram no outro dia não vale a pena, que coisas dessas eu já tenho e vocês não querem ver a Maionese ficar azeda, ok?). Se a passadeira vermelha dos Globos de Ouro não é das coisas mais importantes da nossa História, eu não sei o que é! De que outra maneira veríamos as peles do pescoço da Lili Caneças ao mesmo tempo que as pernas da Daniela Ruah? Ou como ouviríamos que os vestidos do nosso Jet 7 (Jet 7, ai ai...), comprados na Zara eram afinal da Ana Salazar e afins? E frases como“esta passadeira não fica nada a dever à americana” proclamada por esse macho latino que é César Augusto Moniz, onde as escutaríamos? Ãh? Onde? Queríamos nós ter inventado isto da passadeira mais cedo na nossa História, mas não, vamos mas é meter-nos num barquito e descobrir terras e continentes por aí! Para quê? Acabámos por não ficar com nenhuma e o Mantorras ficou sem o joelho!
Tivéssemos nós ficado quietos e hoje, em vez da seca que é o Peregrinação, poderíamos ter em Fernão Mendes Pinto o primeiro cronista social do Mundo! Já imagino o Fernão a escrever sobre os acontecimentos da passadeira vermelha (claro que nesta altura o vermelho vinha do sangue de alguém) “Brites de Almeida encantou com a sua pá made in Aljubarrota e mostrou-se elegantemente vestida com um saco de serrapilheira com um buraco para cabeça, do estilista Zeca da Bubónica, já Diogo Cão desfilou com seu gibão de pele de gato de design exclusivo de João Esfolador”. Era bem mais interessante que a história do pirata árabe Coja Acém!
Posto isto, apelo ao futuros historiadores que, aquando da criação dos manuais escolares, substituam o capítulo do 25 de Abril (que, assim como assim, é uma revolução que nos deixa, a todos, um pouco constrangidos por causa da coisa das flores e da liberdade e tal... que acaba por ser um pouco rabicha) por um capítulo dedicado aos gloriosos anos dos Globos de Ouro, que estes sim, trouxeram algo de novo ao país!

4 comentários:

  1. Eis-me na maionese!

    Pela conversa parece que não foste convidado para o tremens eventus!

    hahahahah...

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  2. Não sou tão cáustico assim. Não vi, porque não estav em Portugal, mas parece-me que os Globos de Ouro desempenham um papel de algum relevo no tristíssimo panorama televisivo nacional.

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  3. Pelos vistos perdi o programa do ano, vou ter me contentar com o DVD ou fazer um saque somáli da Net. Só um reparo, o menino que a Barbara traz debaixo do vestido vermelho não é fruto do amor de Manel Maria mas sim do vizinho do segundo direito que a pedido do Manel tem tratado das flores lá de casa.

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  4. Mas eu estou completamente de acordo consigo!
    Aquilo mais parecia uma cerimónia fúnebre! Txi!
    Não fosse a parte do Artur Agostinho, que foi para chorar e não para descomprimir...aquela coisa teria sido (e foi) um...coiso...Um...Mete medo a um susto! Txi
    ;)
    Gostei daqui...especialmente da Maionese...
    Gostei de tudo, prantus...;)tenho que ser sin cera...
    Abracito

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